De Bruna Luz e Carolina Franco
Editado por Matilde Freitas
No passado dia 11 de abril, o jornal O Cola foi convidado a estar presente no ensaio de imprensa da peça O Filho, de Florian Zeller.
A peça visualizada é uma versão de João Lourenço e Vera San Payo de Lemos, que é também a dramaturga da mesma. O elenco é composto por Cleia Almeida (mãe), Paulo Oom (psiquiatra), Paulo Pires (pai), Pedro Rovisco (enfermeiro), Sara Matos (madrasta) e Rui Pedro Silva (filho).
Imagens de Bruna Luz
Anteriormente, Florian Zeller escreveu também A Mãe e O Pai, que foram igualmente adaptadas para o teatro. As três obras podem parecer fazer parte de uma trilogia, mas esse não é o caso. Apesar de não estarem conectadas pelo enredo, cada uma delas representa um distúrbio que desde sempre afeta a sociedade. A Mãe representa a depressão, O Pai a demência e O Filho a ideação suicida.
Nicolau é um jovem adolescente proveniente de uma família fragmentada: os pais separaram-se e o seu pai formou uma nova família com outra mulher. Esta é uma realidade para muitos jovens, hoje em dia. O protagonista está a viver com a mãe e, sem saber lidar com a angústia e emoções que sente, opta por faltar à escola, começando a isolar-se socialmente. Os pais, transtornados, pensam que a solução é fazê-lo mudar de casa, ao que ele passa a viver com o pai, com a madrasta e com o seu novo irmão bebé. Contudo, esta opção está longe de ser a solução para os problemas existenciais de Nicolau. Mais tarde, por não verem resultados positivos, os pais procuram ajuda médica e optam por levá-lo a uma clínica de psiquiatria. Será que vão conseguir ajudá-lo? Será que Nicolau conseguirá ultrapassar a depressão e amargura profundas que sente e não consegue explicar?
Nesta peça, ao contrário de muitas outras, não entramos na mente do protagonista. Na verdade, do princípio ao fim, estamos tão confusos como as pessoas à sua volta, que não sabem o que fazer perante uma situação destas.
Apesar da sensibilidade do tópico, a sequência de eventos é bem balanceada, alternando entre cenas pesadas de angústia e cenas leves de descontração, o que dá à audiência tempo para respirar fundo. Existe um equilíbrio extremamente importante, em que os dois tipos de cena não se neutralizam mas complementam-se, mostrando que, até nos piores momentos, nem tudo é completamente terrível.
No final do ensaio de imprensa, O Cola teve a oportunidade de falar com João Lourenço e Vera San Payo de Lemos, que explicaram que, pela terceira vez, fizeram uma peça adaptada da obra de Zeller. Embora seja uma adaptação, esta transmite todas as intenções do autor: representar o sofrimento interior de um jovem adolescente. Devido à carga emocional que a peça carrega, os ensaios eram interrompidos com momentos de relaxamento entre cenas, onde os artistas realizavam atividades para desanuviar, tendo sido convidado o coreógrafo Cifrão.
A peça tem aproximadamente 110 minutos e estará em exibição entre os dias 20 de abril e 18 de junho de 2023, na Sala Azul do Teatro Aberto (Rua Armando Cortez, 1050-017 Lisboa). Os bilhetes podem ser comprados online, na BOL - Bilheteira Online ou na Bilheteira do Teatro Aberto. Jovens (até 25 anos) e seniores podem usufruir de desconto.
Para mais informações consultar aqui.
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