Escrito por Carolina Franco e Rita Coelho
Anel do Unicórnio – uma Ópera em miniatura é uma peça de teatro que tem encantado o público no Teatro Luís de Camões. Escrita por Ana Lázaro, com música de Martim Sousa Tavares e encenação de Ricardo Neves-Neves, a peça é uma viagem mágica através da música e da imaginação.
A história gira em torno de Pedro Patê, um rapaz que vive dentro de uma ópera que nunca acaba. Filho de dois cantores de ópera, Pedro está cansado de ouvir constantemente árias, cavatinas, intermezzos e afins. Ele sonha em ser ilusionista e descobrir o truque que fará com que as cantorias da sua família parem apenas com um estalar de dedos.
A trama complica-se, quando o gato de estimação da mãe de Pedro, Don Giovanni al Latte, desaparece misteriosamente. Isso acontece precisamente no dia em que os pais de Pedro, Bellini Bel Canto e Faustina Balão, celebram as Bodas de Prata. Bellini Bel Canto prepara uma surpresa para a sua amada Faustina: entregar-lhe um anel que selará o seu casamento até à eternidade.
O Anel do Unicórnio – uma Ópera em miniatura é mais do que uma simples peça de teatro. É uma experiência imersiva que combina música, drama e fantasia para criar um espetáculo memorável tanto para adultos como para crianças. A peça é destinada a famílias e escolas, com sessões especiais para escolas TEIP e sessões com audiodescrição e Língua Gestual Portuguesa. Com uma duração de 60 minutos, a peça é um deleite para os amantes da lírica e do teatro.
O Cola realizou uma entrevista exclusiva com uma das principais atrizes da peça. Nada mais, nada menos do que a talentosa Cátia Moreso, uma cantora de ópera que desempenha o papel de Faustina Balão nesta produção teatral única.
Quais são as suas principais fontes de inspiração, tanto no mundo artístico como fora dele?
Cátia: Inspiro-me nas pessoas reais, naquilo que vejo, sou muito observadora. Gosto muito de multidões. Ir andar de metro, ir a centro comerciais, até estar com a minha própria família e amigos. Todos têm trejeitos, maneiras de ser, somos todos tão diferentes que vou pegar em certas coisas quando tenho personagens que são muito diferentes da minha pessoa. Vou buscar situações que tenho visto ou pessoas que conheço, é assim que me inspiro.
Como é que se prepara para um papel desafiador, tanto do ponto de vista do teatro como da lírica?
Há toda uma preparação técnica vocalmente, é preciso saber a música, o texto. Se estamos a cantar numa língua diferente, o que é que estamos a dizer e como dizê-lo da maneira mais assertiva e correta possível. Depois de ter toda essa informação vem a construção da personagem, que é feita em conjunto. Eu tenho uma ideia pré-concebida da personagem e depois sou maleável ao ponto de ser dirigida por um encenador.
Como foi o processo de colaboração com outros membros da equipa nesta produção teatral?
Foi ótimo! Aliás, vou ter muitas saudades, já que foi a peça que eu mais apresentei. O que normalmente acontece no mundo lírico é fazermos uma produção somente uma vez. De certa maneira, esta peça teve de ser feita e reencarnada tantas vezes que se tornou quase uma parte de um convívio com amigos, porque claro, é inevitável criarem-me amizades entre todos. Houve uma simbiose muito bonita nesta equipa como um todo.
Que conselho daria a jovens artistas que desejam seguir uma carreira no mundo da lírica e/ou do teatro?
Eu acho que, primeiramente, têm de saber o que realmente querem. Neste meio, se nós não temos a certeza do que queremos, andamos perdidos e é muito difícil para um jovem saber o que quer e principalmente o que se é. Eu também já passei por isso e bem sei. Enquanto não soubermos o que somos, não podemos ser outras pessoas ou reencarnar outras personagens. Isto é o que eu acho de mais fundamental. É preciso uma certa preparação, visto que este é um mundo em que há muitas injustiças, azares, sortes, desafios, vitórias, lágrimas e sorrisos. Se a pessoa está centrada no seu «eu», sabe exatamente o que quer e sonha com algo, então aí não há ninguém que a demova. Mesmo que não alcancemos exatamente o patamar que idealizamos, está tudo certo, desde que continuemos a ser quem somos. Esse é o meu maior conselho e, claro, divertirem-se imenso em palco. Eu acredito que, sem dúvida, mesmo com as peças mais dramáticas e sérias, há sempre algo de positivo a reter. Aliás, uma coisa que eu acho extremamente interessante é o facto de que, em qualquer personagem que façamos, mesmo que seja muito distante da nossa pessoa, há sempre nela um bocadinho de nós. O que nós retiramos dessa personagem pode ser precisamente o que nós precisamos naquele momento da vida.
Editado por Rosana Sousa
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